Após
seis meses em casa com infiltração, resolvemos mudar para um apartamento com
dois quartos e uma sala bem grande.
Havia
muito espaço e poucos objetos. Mas nessa altura do campeonato já tínhamos o
necessário: geladeira, fogão, mesa, cadeiras, camas, TV e computador.
Eu e
Ed continuamos dividindo quarto pela comodidade da TV e Internet. Eu não sei
como a gente conseguia. Ed era uma pessoa muito organizada e eu muito
bagunceiro.
Bastava
olhar para as duas camas. Ed arrumava todo dia, tinha tapete para as sandálias,
um criado mudo pra colocar os óculos e acessórios.
Eu
tinha tudo isso também, porém era embutido em cima da cama. Sempre gostei de
estudar, comer e deixar roupas em cima da cama.
Mas
o que dava certo era o fato de termos respeito pelo espaço do outro. A bagunça
era só na minha cama.
Resolvi
fazer uma festa de inauguração “só para colegas de sala”. Nesse mesmo dia um
colega de sala de Ed , o Lilo, veio morar conosco. Então seria a inauguração
com boas vindas.
Mas
não sei o porquê, essa festa foi anunciada além da sala. À noite os “convidados”
iam chegando sem parar. Eu comecei a receber ligações de “aonde é sua casa”,
“oi, quem tá falando?”. Ouvi ligações de “tá massa, vem pra cá” ou “Tá todo
mundo aqui vei”. A casa lotou!
A
bagunça foi intensa, claro, fui chamado atenção imediatamente. E a turma que eu
nem conhecia foi expulsa. Morar em prédio exige uma política de respeito muito
grande. Nós morávamos no segundo andar, então pular dentro de casa incomoda o
primeiro andar, falar alto ou ouvi som alto incomoda o terceiro.
Impressionante
que sempre quem reclamava no prédio eram os solteiros, mais velhos, que moravam
sós. Não entendo até hoje.
Só
sei que ficou proibida festa a partir desse dia.
O
problema foi na hora de dormir. A casa estava bem equipada, para três pessoas,
não para quinze.
É
nessa hora que surge o mundo da imaginação do estudante. Transformando lençóis
no chão em cama de casal, toalhas de banho em travesseiros. No fim todos dormem
felizes.
Acreditem
nessa mágica: cabem quatro pessoas em uma cama de solteiro. Isso nem Mister M
explicaria.