quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Minha segunda casa em República


Após seis meses em casa com infiltração, resolvemos mudar para um apartamento com dois quartos e uma sala bem grande.
Havia muito espaço e poucos objetos. Mas nessa altura do campeonato já tínhamos o necessário: geladeira, fogão, mesa, cadeiras, camas, TV e computador.
Eu e Ed continuamos dividindo quarto pela comodidade da TV e Internet. Eu não sei como a gente conseguia. Ed era uma pessoa muito organizada e eu muito bagunceiro.
Bastava olhar para as duas camas. Ed arrumava todo dia, tinha tapete para as sandálias, um criado mudo pra colocar os óculos e acessórios.
Eu tinha tudo isso também, porém era embutido em cima da cama. Sempre gostei de estudar, comer e deixar roupas em cima da cama.
Mas o que dava certo era o fato de termos respeito pelo espaço do outro. A bagunça era só na minha cama.
Resolvi fazer uma festa de inauguração “só para colegas de sala”. Nesse mesmo dia um colega de sala de Ed , o Lilo, veio morar conosco. Então seria a inauguração com boas vindas.
Mas não sei o porquê, essa festa foi anunciada além da sala. À noite os “convidados” iam chegando sem parar. Eu comecei a receber ligações de “aonde é sua casa”, “oi, quem tá falando?”. Ouvi ligações de “tá massa, vem pra cá” ou “Tá todo mundo aqui vei”. A casa lotou!
A bagunça foi intensa, claro, fui chamado atenção imediatamente. E a turma que eu nem conhecia foi expulsa. Morar em prédio exige uma política de respeito muito grande. Nós morávamos no segundo andar, então pular dentro de casa incomoda o primeiro andar, falar alto ou ouvi som alto incomoda o terceiro.
Impressionante que sempre quem reclamava no prédio eram os solteiros, mais velhos, que moravam sós. Não entendo até hoje.
Só sei que ficou proibida festa a partir desse dia.
O problema foi na hora de dormir. A casa estava bem equipada, para três pessoas, não para quinze.
É nessa hora que surge o mundo da imaginação do estudante. Transformando lençóis no chão em cama de casal, toalhas de banho em travesseiros. No fim todos dormem felizes.
Acreditem nessa mágica: cabem quatro pessoas em uma cama de solteiro. Isso nem Mister M explicaria. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Faculdade de Comunicação com ênfase em Gastronomia


Uma das minhas recomendações pra quem vai morar só é: aprenda a cozinhar!
Demorei muito tempo pra aprender a fazer alguma coisa de verdade.
Na faculdade o prato principal era macarrão com calabresa. Deixo a receita abaixo.
Passo 1: Coloque óleo , jogue cebola picada.
Passo 2: frite a calabresa
Passo 3: Cozinhe com bastante água (pra não perder o ponto) o macarrão.
Passo 4: Jogue molho pronto e um tablete de caldo na calabresa frita.
Passo 5: Misture tudo com o macarrão e sirva.
Rende 18 porções.
Desculpe-me a dificuldade de medidas, pois como podem observar não sou muito adepto a livro de receitas.
Obs: Caso não tenha macarrão nem molho. Jogue farinha.
O ministério da saúde adverte: comer em excesso causa gastrite! Eu bem sei.

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Minha turma de faculdade adorava fazer um almoço. Era um momento nosso de confraternização. O macarrão com calabresa e o cachorro quente sempre foram marcantes.
Na verdade a comida era o que menos importava. O importante era reunir. Lembro que Kinha fez um prato com Taioba. Não me perguntem o que seja isso porque até hoje não comi.
No outro dia só ouvi as críticas.

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Era bom também quando comemorávamos aniversários. Fazer um bolo de caixinha, queimar e solar ao mesmo tempo era especialidade de Anandinha.
Lembro da primeira vez que tentei fazer sozinho uma comida pra minha amiga Sula que estava chegando em Itabuna. Preparei um arroz e um macarrão com calabresa, bastante conhecido por mim.
Pena que eu ainda não sabia que arroz levava sal. A comida foi uma tragédia, mas ela comeu por educação.
Hoje já sei fazer outros pratos, mas demorei muito pra aprender
A minha primeira experiência com panela de pressão não foi muito legal. Eu quando criança li uma receita de como fazer doce de leite: Coloque a lata de leite condensado na panela de pressão e aguarde 30 minutos. A panela explodiu! Na receita não falava sobre colocar água. Pensar que era um livro de criança ensinando receitas.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Minha casa, minha vida...em República!


Depois que encerrou o primeiro semestre de faculdade eu e Ed resolvemos sair do pensionato e alugar uma casa.
Não briguei com a Dona Lu, apenas achei melhor morar só mesmo. Era o filho saindo de casa mais uma vez.
O que mais motivou foi a necessidade da liberdade mesmo. Quando se mora no pensionato, existem regras , horários e tudo tem que ser respeitado.
Graças a Deus não tive problemas com isso, mas senti que era hora de desfrutar de novas experiências.
Bom, a primeira casa que morei foi uma diversão, pra não dizer uma tragédia. Acertamos tudo durante as férias, a dona informou que iria fazer reforma na casa. No dia que retornaríamos para casa a dona avisou que ainda não estava pronta, mas informamos que precisávamos voltar por causa das aulas.
Voltamos assim mesmo, mas quando chegamos nos deparamos com a casa sem portas no banheiro e ainda em processo de reforma.
Ainda não tínhamos muitos móveis nem utensílios. A dona cobrou taxa para usar a geladeira dela.
Imagine tomar banho, fazer as famosas e concentradas necessidades, no banheiro sem porta e ainda com o pedreiro na porta, digo, na frente, esperando você terminar para continuar a reforma.
Lembro que a geladeira não funcionava então resolvemos usa-la como armário. Colocávamos o aparelho de DVD dentro dela enquanto não tínhamos cômodos.
Mas eu me divertia com tudo. A gente tinha TV e internet pelo menos, só não tinha banco pra sentar e usufruir.
Lembro de um conselho do amigo de Ed sobre como usar o computador: “Puxem a cama e sentem na beirada”. A ideia seria ótima se a gente tivesse cama e não somente colchão.
Tinha outras republicas que usavam o bujão de gás como banco.
Consegui trazer um fogão de duas bocas que ficava na quitinete de minha mãe. Imagine que esse fogão foi meu companheiro durante mais de cinco anos. Se com uma boca se vai a Roma, com duas se faz muita coisa, como feijoada, caranguejada, caldos e por que não um banquete?
No primeiro dia de casa conhecemos a vizinha, Cacau. Morava sozinha no terceiro andar. A gente morava no primeiro, a dona com a família no segundo e a Cacau no terceiro. No primeiro dia o papo já foi pesado. Conversamos um monte de pornografias.
O que não sabíamos é que de um dos quartos a dona que morava em cima conseguia ouvir tudo.
No dia seguinte fomos chamados atenção.
Com o tempo descobri que não era a gente que falava alto, a dona que ouvia tudo mesmo.
Em seis meses mudamos de casa!
Morar em República requer compromissos que eu aprendi com o tempo. Fazer feira, sempre separar dinheiro para pagar as contas, não deixar a pia suja pois seu colega também usará etc. A questão das contas a pagar, minha mãe me ensinou a ser organizado. Ela sempre cobrava de mim e sempre odiou dever a alguém. A parte do cuidado com a casa demorei muito para aprender.