segunda-feira, 30 de julho de 2012

Nunca mais eu bebo!


Abro um parêntese pra falar de mim também. Não quero sair de santo nessas histórias de bebidas, afinal eu tenho muitas.
Mas o primeiro porre a gente nunca esquece. O meu eu não esqueci, mas também não me lembro de tudo.
Fomos pra casa de praia só os homens da sala e amigos do curso de Direito. Bebida liberada. Muita cerveja e vodka.
Eu joguei bola, corri e nadei o dia todo. A noite estava rolando uma festa na praia. Eu resolvi virar a vodka toda de vez. Resultado: cai nos braços dos meus amigos. Sai carregado e dizendo “sacanagem”. Explicando-me aqui, eu repetia apenas a palavra sacanagem. Não sei o porquê, mas foi invenção do momento.Os amigos me carregam e eu pra “ajudar” levantava os pés para eles se esforçarem mais.
Não posso deixar de destacar que dentre esses amigos estava o Tinha, aquele que eu ajudei meses antes. Amizade em faculdade é algo muito intensa. Em outro momento me dedicarei a falar sobre isso.
Tenha certeza de algo sobre seus amigos: eles jamais deixarão você ir para casa bêbado só; eles jamais te deixaram tirar zero em um trabalho que você esqueceu de fazer. Eles sempre vão rir de suas cagadas depois que elas passarem.
Vomitei bastante, falei um monte de besteiras e apaguei.
No outro dia só sei o que as fotos me mostraram. Já ouviu falar no filme “Se beber não case”. Eu sei bem o que é isso.
Esse desenho reproduz uma foto real do dia. Mas, não quero me expor tanto assim. rs

sexta-feira, 27 de julho de 2012

O porre coletivo


Acho que o primeiro momento de entender que estava em total liberdade foi o porre da sala. Esse eu não fui o personagem principal, pois ainda não bebia muito.
Lembro-me de ter combinado com o Tinha, que só ficaríamos um pouco no famoso bar da faculdade: inferninho. Apesar do nome, era um lugar bem tranquilo. Tinha bandas, farra, nada anormal. As pessoas largavam as mochilas na mesa e nunca ouvi falar em roubo por lá.
Voltando ao Tinha, decidimos ficar só um pouco na festa. Mas ele resolveu competir doses de cachaça com o povo.
Ele apareceu e disse “tomei duas”. Depois “tomei cinco”. Em seguida, um amigo apareceu pedindo pra eu buscá-lo que havia caído no chão.
Nesse mesmo dia, vários amigos passaram mal. Um foi achado no meio do mato deitado, a outra “a crente” vomitava pelos cantos. Outra com o dedo na garganta soluçando e gritos finos no banheiro “Eu quero Narão!” Mas o Tinha eu tive que levar pra casa dele, com direito a vômito no pé e brigas com o motorista que não queria carregá-lo bêbado.
Definitivamente esse dia foi marcante. Todos fazendo o que estava a fim de fazer, rindo á toa. No outro dia ríamos muito de tudo.
A bebida mais econômica na faculdade é a cachaça/vodka misturada com refrigerante ou suco em pó. Custa menos de dez reais, considerando que ninguém se preocupa muito com a qualidade da meliante.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Minha primeira vez na Faculdade


Continuei morando no Pensionato. Lembro muito bem do meu primeiro dia de aula. Escolhi o que considerava minha melhor roupa, meu melhor estilo. Comprei uma bolsa fichário, usava muito bermudão, camisa machão e uma sandália de borracha de pneu com alças coloridas.
A sala de aula com pessoas diferentes, estilos dos mais variados. “É aqui que passarei meus próximos anos”. Sentei ,  me apresentei como todos.
A primeira impressão não é a que fica. Olhava para todos os cantos , não conseguia enxergar ainda quem gostei quem não gostei. Tinha tímidos, nerds, cara de matuto, cara de brava... Ah meu Deus!
Mas como é vida nova, você se propõe a falar com todo mundo. Tem assunto de sobra. De onde vem? Quantos anos? Ta morando aonde? Itabuna ou Ilhéus?
E assim passa a primeira semana, todos tentando desbravar a sala.
Mas o momento que acredito que todo mundo se une é no trote. Ai,você vai ter assunto de sobra.
Depois de ter sido todo pintado, andar ajoelhado, dançado na boca da garrafa, desfilado em cima das mesas do bar, realmente a gente ia ter muito o que conversar.
Com o tempo vêm os trabalhos em grupos. Então você começa a conhecer mais e mais e amar mais e mais.

Passei no Vestibular!


Ver seu nome na lista de aprovados do vestibular não tem preço.
Passei em faculdade pública, como minha irmã, como eu queria também!
A família vibrava, os amigos sacanas, claro, rasparam minha cabeça. Mas estava valendo tudo.
O ano de cursinho é muito complicado. As pessoas te encontram na rua sempre e fazem a velha pergunta. “E ai, passou no vestibular?”. Você com aquele sentimento de perdedor responde: to fazendo cursinho!
Poucos sabem a dificuldade que é passar. Por isso aprendi a nunca perguntar pra ninguém se passou ou não. Aguardava sempre a boa notícia! Ninguém gosta de ouvir perguntas onde a resposta é “não passei”, “não estou empregado”...etc´
Bom, depois de muita comemoração, de sentir orgulhoso pela aprovação, lá estava eu voltando a cidade pra fazer matrícula.
A matrícula é sempre interessante, você fica com o sentimento que esqueceu algum documento, que vai perder a vaga, mas no fim dá tudo certo.
Fui sozinho fazer a matrícula. Nesse momento minha mãe já me liberava mais pra viajar, sair. Acho que quando a gente mora longe e age corretamente os pais aprendem que a gente cresceu.
Pensar que anos antes, quando quis ir na praia com meus amigos , meu pai não deixou eu ir de ônibus porque eu era muito novo (15 anos), mandou um taxi.
Claro que não aceitei! Queria ir de ônibus como todos. Hoje em dia torço pra meu pai me mandar um taxi! rs
No dia da matrícula, encontrei com alguns futuros colegas. Achei todos estranhos, nem puxei assunto. Pouco imaginava, que nos tornaríamos grandes amigos.
Passei pra o segundo semestre, mas me ligaram perguntando se eu preferia começar no primeiro. Claro  que aceitei! Faculdade , ai vou eu!

Vida em Pensionato


Chegando em Itabuna fui conhecer meu novo lar. A dona do pensionato se chamava Lu, era uma casa pequena com quatro quartos. No primeiro moravam dois garotos que faziam faculdade, no outro a filha de dona Lu, no terceiro ficava a dona. Eu fiquei sozinho em um quarto , mas sabendo que iria mudar em breve porque um dos garotos iriam sair.
A recepção por ela foi ótima, diferente do meu primo que não foi muito boa. Durante a conversa com a dona ele largou um peido  daqueles que dominam todo espaço. Claro que o dono daquele vapor quente só assumiu a culpa quando já estávamos na rua passeando pela cidade.
As pessoas sempre têm dificuldade em morar em pensionato. Imagino que seja difícil mesmo. Conviver com pessoas diferentes , respeitar os horários da casa, confiar em deixar seus pertences tendo outros moradores. Eu não sei se foi sorte ou pela sintonia mesmo , mas acadei me sentindo em casa no pensionato de dona Lu.
Morei durante um ano e meio no pensionato e aprontava bastante por lá. Depois de seis meses um amigo meu de Porto , o Ed , veio morar também. Èramos nós dois, a filha e a dona. Formou- se uma família. Eu era o filho mais novo , traquina. Escondia nos comodos da casa para assustar dona Lu. Ela me xingava de tudo quanto era nome. Me recordo muito do " seu filha da puta com dois guardas noturnos". Tudo acabava em risos.
A gente morava no primeiro andar. Em um dos dias de aprontação peguei minhas sandálias,  batia uma na outra e gritava para fingir que a mulher estava me agredindo.
As nossas brigas se pautavam exclusivamente nos horários de dormir e acordar. Eu gostava de assistir televisão até mais tarde. Dona Lu gostava de dormir cedo e acordar mais cedo ainda para rezar e ouvir o rádio. E assim o pau quebrava, mas com muito humor. Realmente eu me sentia em casa.
Eu fazia cursinho pela manhã, cochilava um pouco a tarde, depois estudava e a noite era televisão. A minha mãe de aluguel achava que eu estudava pouco em casa, mas eu estudava.
O meu companheiro de quarto, o Ed, já estava fazendo faculdade de computação quando veio morar no pensionato. Além da companhia , era um incentivo para eu estudar mais. Ed estudava muito e assim eu melhorei o ritmo de estudo também.

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Uma das lições como dono de casa: aprendi a lavar roupa. A dona Lu me levou ao tanque , e me acompanhou lavar o uniforme.
Sempre tive tudo nas mãos. Até minhas cuecas eram lavadas por minha mãe.
Mas confesso que gostei da experiência, essa primeira informação sobre as obrigações de casa, são necessárias. Nem sempre vai sobrar grana pra lavanderia. Essa grana economizada já servia pra um cinema, um sorvete ...
  
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O primeiro momento que descobri que o mundo era pequeno foi a coincidência no primeiro mês que estava morando em Itabuna.
Um ano antes de ir morar em Itabuna, fiz uma viagem de excursão para Beto Carreiro. Não conhecia ninguém, era a primeira vez que viajava sozinho.
Fiz amizade com um grupo de jovens, dentre eles , Fanny. Uma garota muito divertida e atenciosa. A gente andava de mãos dadas, mas nunca rolava de ficar. Não lembro bem o motivo.
Em uma das poucas saídas em Itabuna, fui ao teatro assistir uma peça, referente ao livro que cairia no vestibular. Ao chegar no teatro encontro com Fanny. Sentamos juntos e claro, ficamos! Não precisou nem muita conversa, porque já estava claro que só faltava o beijo. Rs
Então Fanny virou minha “ficante” em Itabuna. Rotina agora era estudar de manhã, dormir a tarde e estudar um pouco, depois ir visita-la.
Morar longe de casa, nos torna mais carente. As pessoas se tornam especiais mais rápidos e preenchem espaços vazios dentro de nós.
Mas não fiquei muito tempo com Fanny não. Continuamos só amigos, mas pra um começo de vida nova, foi algo bem legal.
No cursinho não fiz muitos amigos. Sentava na frente, prestava atenção nas aulas. Meu pai antes de sair de casa me falou “ Se perder esse ano no vestibular , volta e faz administração aqui.”
Fiquei com isso na cabeça. Resolvi fazer comunicação, mais por causa das discilplinas de peso que era Espanhol, História e Português. Tudo que eu gostava.
Às vezes me questiono porque não me dediquei logo a concurso. Saímos da escola com mente fresca, se estudasse um pouco já estava encaminhado na vida.
Mas depois  lembro que a fase da faculdade não tem igual.
Descobri isso no ano seguinte, quando passei no vestibular!

Adeus mamãezinhas...


Aqui começa minha história. Depois de arrumar as malas o dia todo, fingindo que estava encarando a mudança muito bem, caio no choro quando entro no carro do meu primo.
Era madrugada quando ouvi a buzina na porta de casa e levantei para embarcar na minha primeira partida, saindo de Porto Seguro e indo morar em Itabuna em um pensionato onde não conhecia ninguém.
A última imagem que tenho daquele dia é de minhas duas mães, com quem sempre morei, com as cabeças encostadas na parede de minha casa chorando. Foi triste, a vontade era de ficar, de querer parar o carro,
O que me deixou um pouco mais tranquilo é que essa primeira ida, duraria apenas dez dias porque era próximo da páscoa e já estava certo de que eu voltaria pra passar com a família, mas o coração doía porque sabia que isso não iria acontecer sempre.
Eu tinha 17 anos, estava indo fazer cursinho . Como todo adolescente no fundo curtia aquela idéia de mudança, de independência. Criava mil fantasias do que iria acontecer, já que estava indo para um lugar onde não devia satisfação a ninguém.
No primeiro momento pensei em acender um cigarro, fumar como forma de liberdade, de poder tudo. Mas nunca tive coragem de verdade pra comprar um no bar da esquina.
Eu , mesmo com uma imaginação variada, não tinha noção do que iria acontecer nos próximos anos da minha vida.
Com a imagem das minhas mães apenas na memória , o carro já distante, me acalmei. Não tinha mais volta. Já estava decido. Pronto meu primo, vamos rumo à Itabuna.

Introdução

Bem vindos, meu povo. Esse ano estou caminhando pra meu décimo ano que sai de casa. Nesse período, aprendi muito, me diverti muito, conheci muita gente e aprontei muito.Rs
Esse blog é para quem já passou por essa fase, está começando ou nunca saiu dela.

Espero que se identifiquem  e se divirtam!