Vivemos uma eterna contradição:
quando somos adolescentes queremos ser adulto e quando somos adultos nos
divertimos quando temos comportamentos de criança.
Lembro um dia que todos os meus
amigos da escola estavam indo para praia disputar um torneio de voley. Meus
pais não deixavam eu sair nessa época. Eu tinha 15 anos. Muito cuidadosos resolveram pedir um taxi para me levar. Chorei muito
porque queria ir de ônibus como todos os meus amigos. Imagine? A minha independência
dependia de um passeio dentro de um ônibus lotado. O que a turma iria pensar se
eu chegasse de taxi? Resultado: dispensei o taxi. Meus pais atenderam a minha
vontade desde que meu irmão mais velho me levasse de ônibus. E assim foi.
Três anos depois estou eu na
faculdade, de ônibus em ônibus, caronas na estrada para economizar um vale transporte.
Quem dera meu pai mandasse eu ir e voltar de taxi para a faculdade. Aquele sol
batendo na testa, acabando com todas as teorias que desodorantes duram 24 h.
Acho que quem fez os testes de
desodorante, hoje até 48h de duração, deve ficar dentro da sala com ar
condicionado e nunca pegou um ônibus. Em relação a pedir carona, sempre ia
acompanhado de minha amiga Lia. A presença feminina passava mais segurança aos
motoristas. Pensar que até na boleia de um caminhão andei.
O lado criança acho que me
acompanha até hoje. Meus amigos que conheci durante a vida não me ajudaram a
ser diferente. Lembro-me de todas as festas temáticas que criávamos: Festa à
fantasia , festa junina, brega, todo mundo veste verde. Meus
aniversários? Um foi surpresa , quando cheguei em casa estavam todos vestidos
com roupas de criança. O outro foi da Hello kitty porque meu amigo achava que
era um tema unissex. Minha família também não foge dessa farra, meus aniversários
até hoje tem lembrancinhas. Minha mãe aproveita os poucos momentos que estou em
casa para fazer homenagens legais.
Quando vejo as crianças tentando
se comportar como adultos, experimentando tão cedo os vícios, uma vida louca, o
sexo, não sinto admiração , sinto pena. Admiro quem vive cada época no seu
tempo quem se permite ser mais criança do que adulto. Não sinto vontade de voltar a infância,
apenas curto meus momentos de descontração e loucura onde me permito ainda ser
criança. Às vezes repito brincadeiras como esconde-esconde, pega-pega com todas
as regras necessárias. Levo muito a sério as brincadeiras.
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